Covid-19: a importância do material plástico diante da nova normalidade
Todos que trabalham em um ambiente fabril estão sentindo fortemente os impactos em larga escala provocados pela pandemia. Mesmo com os prognósticos otimistas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a crise mundial será sentida severamente nos próximos dois anos e deve acelerar significativas mudanças na economia, na vida social, no consumo, nas relações de trabalho e em tantos outros contextos da vida.
Para o setor de Transformados Plásticos e Reciclagem, o contexto ao mesmo tempo que revela grande preocupação, destaca também a sua importância para a sociedade: o plástico torna-se cada vez mais imprescindível para os avanços da medicina e se consagra como aliado chave no combate ao coronavírus.
Já é possível prever os contornos da nova normalidade cotidiana com a imposição de acentuadas medidas de higiene e de prevenção, que não podem prescindir da contribuição dos produtos do setor.
Fornecedor de insumos para praticamente toda a produção de bens e serviços, o segmento plástico ganhou relevância, importância e reconhecimento da sociedade, no Brasil e no mundo, nos últimos meses em decorrência da crise sanitária global deflagrada recentemente.
Para o governo, ficou contundente a necessidade de se colocar em primeiro plano políticas de desenvolvimento econômico que favoreçam definitivamente e eficazmente a nossa tão combalida base industrial.
O setor do plástico demonstrou a necessidade de nos tornarmos menos dependentes de produtos importados, especialmente de produtos vindos da China, como no caso de máscaras, ventiladores pulmonares e outros bens considerados relevantes para o combate à doença.
A crise descortinou também qualidades inquestionáveis dos materiais plásticos as quais estavam submersas nos discursos ambientalistas, apagando seus benefícios e a sua intrínseca relação com questões relacionados à segurança, higiene e a saúde da população.
Enquanto a pandemia avança, cresce também o consenso sobre a importância do uso do material neste momento de crise sanitária e como banimento de produtos como as sacolas plásticas podem colocar em risco os esforços de contenção da doença.
Tanto é que o movimento para eliminar as “sacolinhas” nos supermercados teve um revés em diversas cidades dos Estados Unidos e Brasil. Legisladores foram acionados para suspender, ao menos temporariamente, leis proibitivas, comprovando que o plástico, por suas características de descartabilidade e proteção é um forte aliado.
No país, a Justiça do Estado e São Paulo suspendeu recentemente a lei municipal que proibia o fornecimento de descartáveis (copos, pratos e talheres de plástico) nos estabelecimentos comerciais da capital paulistana.
Deixamos de ser vilões e passamos a ser heróis.
Mas o que por outro lado nos enaltece, também nos responsabiliza para manter a produção, cumprir os padrões de qualidade e os prazos de entrega aos clientes, diante de uma quebra de demanda em diversas áreas e um crescimento cada vez maior do setor de embalagens e produtos médico-hospitalares, especialmente máscaras, luvas e protetores faciais – escassos no mercado nacional e com grande dificuldade de importação.
Cabe-nos também administrar a elevação de preços dos insumos. Nos últimos meses, todas as resinas plásticas tiveram acréscimos que superam os 20%, sendo que o câmbio continua subindo e a perspectiva é de que novas altas devem acontecer, impactando no custo, na reposição de estoque e na saúde financeira da grande maioria das indústrias.
Neste sentido, o Sindicato da Indústria de Material Plástico no Estado do Paraná – Simpep tem reforçado a sua missão de representar fortemente, em âmbito estadual, suas indústrias, identificando suas necessidades e buscando melhorias junto ao governo estadual, instâncias legislativas e parceiros do mercado para ajudar na manutenção do chão de fábrica, o coração de nossas organizações.
Outra medida da entidade tem sido a prestação de assessoria jurídica e repasse de informações relevantes e estratégicas. Atuando não apenas na comunicação, mas endossando procedimentos acerca de questões trabalhistas, especialmente aquelas relacionadas à área de Recursos Humanos, em decorrência da rápida necessidade de adaptação às medidas emergenciais e suas regras contratuais e jurídicas.
Em uma ação solidária, o Simpep também lançou campanha que vem mobilizando associadas, petroquímicas e fornecedores da cadeia do plástico para doações ao projeto #PLÁSTICOSALVA, que visa a entrega de 50 mil protetores faciais aos Hospitais Públicos e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) do Governo do Paraná.
Diante deste contexto, precisamos reforçar o papel do sindicato patronal, que ganha força enquanto entidade empresarial capaz de mobilizar a opinião pública e apontar tendências aos seus associados, prevenindo ações que podem prejudicar os seus interesses.
Infelizmente, podemos antever que só sobreviverão aquelas indústrias capazes de se relacionar com o mercado, entender e se reorientar no contexto pós-Covid-19, assimilando todas as mudanças bruscas que ainda virão pela frente.
Dirceu Galléas é presidente do Sindicato da Indústria de Material Plástico no Estado do Paraná (Simpep) e também diretor da Macroplastic.
Texto: Dirceu Galléas
Post A Comment